segunda-feira, 19 de abril de 2010

Equador estuda aplicar elementos da educação indígena em escolas convencionais




Sarah Fernandes - Portal Aprendiz



O Equador avalia implantar características da educação indígena em escolas convencionais, seguindo princípios de qualidade de vida, vigentes na nova Constituição do país, aprovada em outubro de 2008. O molde tradicional prevê que a educação seja mais pessoal e aconteça também fora da escola.

Seguindo o modelo, o ensino acadêmico seria influenciado pela transmissão oral de conhecimento, pela maior aplicabilidade dos conteúdos e pela sua validade para qualquer geração. O molde indígena é inspirado no conceito tradicional andino de “viver bem” — com condições para que o indivíduo desenvolva todas as suas capacidades — que inspirou a reforma constitucional do país.

“Passamos hoje por várias crises e a educação comunitária é mais eficiente para formar indivíduos aptos a superá-las que o modelo individual, que cria consumidores”, avaliou a ex-ministra da Educação do Equador, Rosa Maria Torres, durante o Encontro Internacional de Educação, realizado entre 23 e 25 de fevereiro, em Osasco (SP).

“O modelo ainda não foi implantado em escolas convencionais e se mantém confinado aos povos indígenas. Há um descompasso entre a nova Constituição e as políticas de educação”, avalia.

A educação no Equador é obrigatória dos 5 aos 14 anos. Em setembro de 2009 o país se autoproclamou "pátria alfabetizada" ao anunciar a redução da taxa de analfabetismo de 9% para 2,7%.

Tecnologia

O uso da tecnologia na educação na América Latina também foi comentado pela ex-ministra equatoriana. Segundo Rosa, o tema precisa ser avaliado com cuidado. “O que acontece nos países do Norte automaticamente é copiado no Sul. É necessário avaliar se temos condições de implantar essas medidas com eficiência”.

“A maioria dos países da América Latina não tem 100% do seu território coberto por energia elétrica e nem todos os professores estão preparados para lidar com softwares de educação”, comentou. “Além disso, é preciso redobrar a atenção, pois há muito mais informação que conhecimento na Internet”.